Temporada após temporada, House Of Cards continua me
surpreendendo, sempre quando acho que a história não tem mais pra onde ir e que
tá ficando chato, vem aquele acontecimento que vira a mesa de novo e deixa as
coisas interessantes.
Após o fim da terceira temporada, fiquei com aquela
sensação de “Vish, e agora!?” quando a Claire deixou Frank sozinho na casa
branca no meio da campanha para nomeação como candidato à presidência pelo
partido democrata, eu não sabia muito bem o que esperar, mas a forma como os
fatos se deram foi excelente. Gostaria de relatar aqui o que mais gostei e
desgostei nessa temporada.
Os quatro primeiros
episódios nos mostram o que se deu após o rompimento de Frank e Claire, que
volta para a casa dos pais em Dallas, Texas, onde somos apresentados à Elizabeth
Hale, mãe da Claire, vivida por Ellen Burstyn, a personagem é incrível, não só
por nos dar a oportunidade conhecermos melhor o background de Claire e Frank,
mas por ser capaz de conquistar o espectador rapidamente através da magnífica
atuação de Burstyn, já cotada para o Emmy, que fez meus olhos marejarem pela
primeira vez vendo a série.
Palmas para Ellen Burst! |
Durante a estada da Claire em Dallas, ela começa
a planejar (e executar) o início de sua carreira política pelas costas de
Frank, inicialmente como deputada de seu distrito natal, para essa empreitada
ela conta com a ajuda de LeAnn Harvey como sua assessora política, fiquei muito
surpreso ao ver que a intérprete de LeAnn era ninguém mais, ninguém menos que
Neve Campbell, a Sidney da franquia Pânico (Qual é o seu filme de terror
favorito?), pra falar a verdade eu não a reconheci de primeira, fiquei com
aquela impressão de que já tinha visto ela em algum lugar e só após pesquisar
sobre ela no papai google que tive certeza, ela foi uma surpresa bem agradável,
embora sua personagem tenha perdido boa parte da relevância inicial com o
passar da temporada, Neve mostrou a que veio com uma interpretação bastante
sólida que me convenceu, chega de Cindy! Ainda, sobre LeAnn, desconfiei de que
ia rolar um affair entre ela e o Remy Danton, mas não, ainda bem! Já que sempre
shippei ele com a Jackie Sharp mesmo.
Mandou bem, Cindy! |
Vemos também o coitado do Lucas Goodwin na prisão, em
umas cenas feitas para termos pena do personagem, eu tenho pena dele, não
porque ele está preso, mas porque é burro mesmo. Por que burro? Vamos lá, o
cara sabe tudo que tem pra saber sobre o Frank Underwood, tudo que pode acabar
com a vida dele para sempre, Lucas trabalha em um importante jornal de
Washington, ele tem a faca e o queijo na mão, certo? Errado! Ele precisa de
provas, saber não é o bastante, ele busca a ajuda de seus amigos e Frank dá um
jeito de sumir com cada um deles. Ao se ver encurralado, Lucas busca oferecer
sua matéria em potencial para a dona do jornal onde trabalha em troca de
proteção pessoal (Frank não poderia fazer nada contra ele sem se expor caso
Lucas estivesse fazendo tudo às claras) e jurídica (A responsabilidade seria do
jornal e não de seu funcionário)? NÃO! Ele acha que o melhor plano é tentar
hackear os servidores da casa branca em busca de mais informação, porém, Lucas
não manja dos paranauê de hackear, ele é um jornalista, seu melhor meio de
buscar informação é fazendo as perguntas certas para as pessoas certas, mas por
algum motivo ele achou melhor se meter com algo que não entendia.
Ele entrou na deepweb (provavelmente usando a janela
anônima do Google Chrome) e perguntou abertamente “e aí galera, é aqui que rola
altos harckers? Tô pensando em hackear a casa branca, quem tá afim?” Resumindo
a parada toda, os agentes do governo enganaram ele para pegá-lo em flagrante e
jogaram o cara na prisão. Ele deu um jeito de sair da prisão e entrar para o
programa de proteção à testemunha, não era nenhum paraíso, mas era
infinitamente melhor que a prisão, estava tudo bem até ele resolver ir atrás do
Frank de novo, foi só ele planejar que já começou a se ferrar, ele,
aparentemente, conseguiu ficar preso sem ser estuprado, foi justamente o que
aconteceu com ele quando saiu e começou a fazer merda de novo, ele foi atrás da
concorrente do Frank e tomou um não na cara. Foi aí que ele pirou, e foi aí que
eu já estava pedindo aos roteiristas pelo amor que eles têm ao público, para
dar um jeito nesse cara! Foi a parte mais chata da temporada, Lucas nunca teve
carisma nenhum, era um mosca morta, a trama dele só tinha potencial porque era
a ponta solta que o Frank nunca conseguiu amarrar direito.
O momento da cagada |
Então, pareceu que os roteiristas escutaram meus
pedidos e deram um jeito no Lucas de uma maneira que jamais teria imaginado e
que serviu à trama como um todo de maneira espetacular, justamente quando Frank
e Claire ainda estavam brigando, o Lucas me aparece e mete um tiro no fígado do
Frank, morrendo pelas mãos de Meechum em seguida, infelizmente o mosca morta
ainda leva o pobre segurança com ele, no fim, deu tudo certo. O incidente
reuniu o casal presidencial de uma maneira muito melhor do que no início da
série, deu um fim em Lucas Goodwin, mas não antes de deixar seu legado nas mãos
de Tom Hammerschmidt, um jornalista de verdade, para variar! Também foi a hora
de nos despedimos de Edward Meechum, que perdeu sua vida de forma honrada dando
sua vida pelo presidente, em boa hora já que ele já havia perdido a pouca
importância que teve para a trama e já tinha atraído a desconfiança de outros
personagens, e, por fim foi a hora de dar adeus a Dunbar, que se ferrou por já
ter se encontrado com Lucas.
Tchau Meechum, você cumpriu seu papel! |
Viktor Petrov sendo domado pela Claire |
Depois disso vem o plano de conseguir colocar Claire como vice na chapa do Frank, essa parte eu achei meio chata, houve alguns problemas com a Catherine Durant que viu que estava sendo usada (como todo mundo) mas rapidinho o Frank colocou ela no lugar, essa parte serviu mais para vermos o casal protagonista agindo junto novamente, um apoiando o outro de verdade. Serviu também para trazer o personagem Tom Yates de volta, inicialmente ele foi chamado pelo candidato republicano (falo dele mais tarde) pra falar mal do Frank, mas ele não aceitou e voltou a trabalhar para o presidente. Bom, eu gosto do personagem, como ele fala francamente com os protagonistas, ele não tem medo, ele é livre, via ele como alguém que está lá como testemunha e que no final da série poderia escrever um livro incrível sobre toda essa história, intitulado House of Cards, seria um final irado! Mas dito isso, tenho que falar também sobre o que não gostei na volta dele, dessa vez ele sempre estava acompanhando a Claire, o que nos proporcionou o belíssimo episódio 10, quando vemos os últimos momentos da Ellen, mas não antes de vermos a linda cena em que Tom tira boas risadas dela. Bom, toda essa história aproximou demais os dois, e eu já estava torcendo pra isso não dar em romance, mas aconteceu, e eu odiei, achei uma merda!
Tom Yates empolgadão pra dar autógrafos |
Isso vai estragar a liberdade do Tom, porque por mais
que esteja tudo bem para o Frank (a gente sabe que na verdade ele adora quando
a Claire arruma alguém pra aliviar a tensão), uma hora ele vai entrar em
conflito com a Claire e isso pode gerar no mínimo a saída permanente do
personagem ou no máximo criar outro conflito parecido com aquele do fotógrafo
na segunda temporada. Thomas acabou de perder sua neutralidade, não vai mais
ter aquele toque de Vigia da Marvel na história, ele assumiu um lado, o lado da
Claire.
Vamos agora falar do querido Will Conway, o
concorrente republicano de Frank à presidência, inicialmente vemos Will com sua
família perfeita gravando vídeos e postando fotos no “insta”, mas logo vemos a
verdadeira face de Will, que é uma versão mais jovem e menos astuta do
Underwood, na minha opinião. Até gostei dele como oponente, mas com o passar
dos episódios ele deu uns vacilos fortes e deixou a coisa fácil para Frank.
Acredito que ele voltará como uma ameaça de verdade na próxima temporada, mas
por agora, bastou seu envolvimento com Frank contra a ameaça da ICO, o ISIS de
House Of Cards.
Essa história da ICO foi muito interessante, afinal, é
um correspondente direto de um problema que enfrentamos hoje em dia com o ISIS,
só que na série foi levado diretamente para dentro dos Estados Unidos e que
levará Frank a usar a ocasião para aumentar sua popularidade e diminuir (se não
desaparecer) os possíveis danos causados pelo artigo de Tom Hammerschmidt.
Tom Hammerschmidt me
pareceu justamente a única ameaça real a Frank nessa temporada, ele fez tudo
que Lucas não fez, uma investigação prévia pra montar uma pré-matéria, fez as
perguntas certas para as pessoas certas, nem todas tendo em vista que tomou uma
surra do Freddie, então ele foi ao Herald, mostrou tudo à dona do jornal,
conseguiu uma equipe pra trabalhar com ele e um escudo, com mais trabalho ele
conseguiu a ajuda de Remy e Jackie, que são uns lindos e tomaram a decisão
certa, por fim, Tom tinha um artigo prontinho, ele ainda deu a chance ao Frank
de se pronunciar, Frank tentou convencê-lo a não publicar o artigo, mas não
adiantou e Frank não podia fazer nada, sabe por que? Porque senão ele iria ser
expor demais (aprendeu, Lucas?). Tom, sem nem ao menos acreditar 100% em Lucas,
fez um trabalho infinitamente superior ao trabalho que os três patetas (Lucas,
Zoe e Janine) fizeram, não sei se foi mérito dele, ou os patetas que são
estonteantemente incompetentes.
O Mosca não aprendeu nada com o papai Tom |
Por fim, tivemos a excelente cena final em que Frank
fala conosco que eles (Frank e Claire) não se submetem ao terror, eles criam o
terror. Essa cena representa uma evolução sensacional de um elemento chave de
House of Cards que é a quebra de quarta parede, nessa temporada tivemos poucas
cenas com a quebra, e durante toda a série somente Frank falava conosco, dessa
vez, porém, apesar de não falar propriamente, Claire olha para nós, diretamente
em nossos olhos, isso mostra que ela e Frank são um, definitivamente, agora é
com eles! Espero ver Claire falando conosco também na nova temporada, quero ver
como ela e Frank vão lidar com os novos desafios e se elegerem para governar os
Estados Unidos por quatro anos. A quarta temporada de House Of Cards para mim
vale 9, 5 em uma escala de 0 a 10, essa não é uma série aclamadíssima por nada,
que venha a quinta temporada!
É isso pessoal, claro
que eu não consegui falar de tudo aqui, então deixem aí nos comentários as
partes que vocês mais gostaram, as partes que vocês odiaram, em que parte vocês
concordam ou discordam de mim, vamos continuar a falar dessa série linda e
cheirosa!
Gostei da crítica, velho! Mas você não acha que a parte do atentado contra Frank foi inverossímil demais? Como deixam passar um cara aramdo, como Frank e seu guarda-costas não usavam colete â prova de balas? Ele é o presidente dos Estados Unidos, pôxa, e o ano supostamente é 2016. Isso me deixou bem irritado mesmo. Também achei que a temporada parece ter sido dividida em duas, o mesmo que aconteceu na 2ª e 3ª, como se dar conta de 13 episódios fosse muito. Pra mim nada supera ainda a 1ª temporada.
ResponderExcluirBem observado! De fato foi, soou com um Deus Ex Machina, contudo, os EUA tem de fato um certo histórico de presidentes baleados e esse não foi o primeiro momento inverossímil da série, não foi o suficiente pra me fazer sair do clima da série, se fosse pra ser 100% verossímil, ia ser chato, ia virar tv senado, bom, pelo menos na minha opinião.
ExcluirSobre essa sensação da temporada ter sido dividida em dois momentos, eu concordo e tive uma sensação também de que nada realmente foi resolvido nessa temporada, a não ser a rusga entre Frank e Claire, realmente parece que não tinham história suficiente pra uma temporada inteira e deixaram várias coisas sem conclusão.
Por fim, concordo que a primeira temporada é a melhor, mas ainda estou animado em ver onde isso tudo vai dar.