O Projeto

A nosso ver, o Quimera se insere no quadro de democratização comunicativa que a internet propicia. Este blog faz parte da imensa esfera pública que a internet engendra, típica de nosso século. Trata-se de um espaço que fundamos para nos expressar, sob diversas formas, quanto aos mais diversos temas; felizmente, nunca foi tão possível que cada indivíduo construísse sua própria mídia, e é nisso que o Quimera consiste. Se a internet é um monstro, relativamente incontrolável e incompreensível, o Quimera  faz jus ao nome.

Para nós, particularmente, um blog é sempre uma plataforma opinativa, como qualquer periódico. Recentemente vínhamos usando o Facebook para nos expressar, mas a fugacidade das redes sociais impede que construamos uma posição mais consistente acerca de qualquer coisa. Um blog, por outro lado, possibilita isso. Que o Facebook fique, tal como o Twitter, para circular notícias, com observações breves.

Essa é a expectativa que depositamos neste blog. Mas o Quimera vai além disso. Bem como o lendário monstro, aqui também há três cabeças autônomas, logo, há três desejos, três iniciativas, três experiências; três mundos, enfim. A internet se presta também à produção e ao consumo cultural; logo, é para isso também que este blog se volta. Mais especificamente, o Quimera quer ser um espaço de produção literária e de manifestação quanto ao cinema, à ficção, à política e ao mundo nerd, entre outras coisas. Esperamos aqui ter o espaço criativo do qual, de outra forma, jamais poderíamos usufruir. E, nele, esperamos dar vazão às coisas que criamos, em diversos campos.

Escolhemos esse nome a partir do quadro A alegoria do tempo governado pela prudência (o título não foi dado pelo autor), pintado por Ticiano entre os anos de 1565 e 1570. Nessa imagem se retratam, justamente como uma quimera, as três idades da história, como as três cabeças do monstro: a juventude, a maturidade e a velhice, em que essa, respeitando esta, aja com vista àquela; daí a epígrafe que Ticiano deu à sua obra: “Ex praeterito praesens prudenter agit, ni futura actione deturpet” (numa tradução livre: sobre o passado o presente, com prudência, age, para que não prejudique o futuro). Além da força de suas cores e mensagem, o interessante nessa pintura é que a face central, que se volta ao espectador, é a do presente. O motivo disso, em nossa opinião, é um tanto óbvio, mas nem por isso vazio: o presente é o centro da história; o presente é que rege a história (por isso ele é retratado como um leão).

Daí é que gostaríamos de tirar a conclusão mais vigorosa sobre o significado que damos a este blog: se o nosso presente, em termos de comunicação, é a internet, vivamo-la, exercitamo-la! Vivenciemos a sua efervescência! A despeito de seus problemas e limitações. Da nossa parte, a maneira que escolhemos para fazer isso foi este blog, com todos os sentidos que uma quimera comporta em si. Mas façamo-lo com a devida prudência, como Ticiano nos sugere.


TICIANO. Alegoria do tempo governado pela prudência. c. 1565



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